Black News Brasil: dezembro 2013

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Racismo no Colégio Anhembi Morumbi - Estagiaria forçada a alisar o cabelo para manter a 'boa aparência'

cabelo afro
Estagiária se recusa a alisar cabelo e é hostilizada no trabalho
A estagiária Ester Elisa da Silva Cesário acusa seus superiores de perseguição e racismo. Conforme Boletim de Ocorrência registrado no dia 24 de novembro, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo, ela teria sido forçada a alisar o cabelo para manter a "boa aparência". A diretora do Colégio Internacional Anhembi Morumbi ainda teriaprometido comprar camisas mais cumpridas para que a funcionária escondesse os quadris.
Ester conta que foi contratada no dia 1º de novembro de 2011, para atuar no setor de marketing e monitorar visitas de pais interessados em matricular seus filhos no colégio, localizado no bairro do Brooklin, na cidade de São Paulo. A estagiária afirma ter sido convocada para uma conversa na sala da diretora, identificada como professora Dea de Oliveira. Nos dias anteriores, sempre alguém mandava recado para que prendesse o cabelo e evitasse circular pelos corredores.
"Ela disse: 'como você pode representar o colégio com esse cabelo crespo? O padrão daqui é cabelo liso'. Então, ela começou a falar que o cabelo dela era ruim, igual o meu, que era armado, igual o meu, e ela teve que alisar para manter o padrão da escola."
Além das advertências, Ester afirma ter sofrido ameaças depois de revelar o conteúdo da conversa aos demais funcionários do colégio. Eles teriam demonstrado solidariedade ao perceber que a estagiaria estava em prantos no banheiro.
"Depois disso, eu me vesti para ir embora e, quando estava saindo, ela me parou na porta e disse: 'cuidado com o que você fala por aí porque eu tenho vinte anos aqui no colégio e você está começando agora. A vida é muito difícil, você ainda vai ouvir muitas coisas ruins e vai ter que aguentar'."
Colégio se defende
Após contato da reportagem, um funcionário indicado pela Direção do Anhembi Morumbi informou que a instituição não recebeu nenhuma notificação sobre o registro do Boletim de Ocorrência. Ele negou a existência de preconceito e se limitou a dizer que "o colégio zela pela sua imagem e, ao pregar a 'boa aparência', se refere ao uso de uniformes e cabelo preso".
A advogada trabalhista Carmen Dora de Freitas Ferreira, que ministra cursos no Geledés – Instituto da Mulher Negra – assegura que a expressão "boa aparência" é usada frequentemente para disfarçar preconceitos.
"Não está escrito isso, mas quando eles dizem 'boa aparência', automaticamente estão excluindo negros, afrodescendentes e indígenas. O padrão é mulher loira, alta, magra, olhos claros. É isso que querem dizer com 'boa aparência'. E excluir do mercado de trabalho por esse requisito é muito doloroso, afronta a Lei, afronta a Constituição e afronta os direitos humanos."
Métodos conhecidos
De acordo com o depoimento da estagiária, as ofensas se deram em um local reservado. A advogada explica que essa prática é comum no ambiente de trabalho, além de ser sempre premeditada.
"O assediador sempre espera o momento em que a vítima está sozinha para não deixar testemunhas, mas as marcas são profundas. O preconceito é tão danoso, que ele nega direitos fundamentais, exclui, coloca estigmas, e a pessoa se sente humilhada, violentada. Quando o assediador percebe a extensão do dano, ele tenta minimizar, dizendo 'não foi bem assim, você me interpretou errado, eu não sou discriminador, na minha família, a minha avó era negra'."
Ester ainda afirma que teria sido pressionada a deixar o trabalho, ao relatar o ocorrido a uma conselheira do Colégio. Como decidiu permanecer, passou a ser vigiada constantemente por colegas.
"Eu estou lá e consegui passar numa entrevista porque sou qualificada para o cargo, mas ela não viu isso. Ela quis me afrontar e conseguiu abalar as minhas estruturas emocionais a ponto de eu me sentir um lixo e ficar dois dias trancada dentro de casa sem comer e sem beber. Você pensa em suicídio, se vê feia, se sente um monstro."
Sequelas e legislação
Ester revela que as situações vividas no trabalho mexeram com sua auto-estima e também provocaram grande impacto nos estudos e no convívio social.
"Desde que isso aconteceu, eu não consigo mais soltar o cabelo. Quando estou na presença dela eu me sinto inferior, fico com vergonha, constrangida, de cabeça baixa. É a única reação que eu tenho pela afronta e falta de respeito em relação a mim e à minha cor."
O Boletim de Ocorrência foi registrado como prática de "preconceito de raça ou de cor". A Lei Estadual nº 14.187/10 prevê punição a "todo ato discriminatório por motivo de raça ou cor praticado no Estado por qualquer pessoa, jurídica ou física". Se comprovado o crime, os infratores estarão sujeitos a multas e à cassação da licença estadual para funcionamento.
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.

fonte : Geledés Instituto da Mulher Negra

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

7 fatos marcantes na vida de Mandela

Nelson Mandela foi uma das maiores figuras políticas do século XX e um dos maiores líderes negros de todos os tempos. Além disso, foi um ser humano ímpar e um líder incontestável na luta pelos direitos humanos. Conheça 7 fatos marcantes na vida de Nelson Mandela.
Os fatos acompanham a juventude de Mandela, sua luta contra o Apartheid, a liderança no Congresso Nacional Africano (CNA), o envolvimento com a luta armada, sua prisão e soltura, a conquista da presidência da África do Sul e alguns dos seus feitos enquanto líder político.

1. Luta contra Apartheid

Cartaz que mostra o Apartheid
Tradução: Banheiro masculino. Só entram brancos.
Em 1948, o Partido Nacional, integrado por africâners, vence as eleições da África do Sul. No ano seguinte, é instituído o Apartheid, um regime de separação racial entre brancos e negros. Em 195o, novas leis segregacionistas são impostas ao governo, em ação que levou à tomada de terra de negros, mestiços e indianos. Em 26 de junho de 1952, ocorre o Dia do Protesto, quando Mandela convidou os negros de todo o país a frequentar espaços reservados a brancos – banheiros, escritórios públicos, correios. Na sua luta contra o Apartheid, Mandela acabou enquadrado na Lei de Repressão ao Comunismo.

2. Lança de uma Nação

Tela representando o Massacre de Sharpeville
Massacre de Sharpeville – Tela de Godfrey Rubens
Até 1953, Mandela liderou lutas pacíficas contra o preconceito a negros na África do Sul. Naquele ano, reconheceu que a tática do pacifismo não funcionava contra o Apartheid. Em 1960, seu partido, o Congresso Nacional Africano (CNA) foi proibido e Mandela caiu na clandestinidade. Naquele mesmo ano, 69 manifestantes, na maioria negros, foram mortos em um protesto pacífico, no episódio conhecido como Massacre de Sharpeville. Em resposta, em 1961, foi criado o Umkhonto we Sizwe – Lança de uma Nação– um braço armado do CNA, tendo Mandela como comandante em chefe. Mandela viajou pela Europa e África aprendendo táticas de guerrilha e obtendo treinamento militar.

3. Julgamento de Rivonia

Cela de Mandela na Ilha Roben
Em 1963, Mandela foi capturado em Rivonia, nome dado a um subúrbio de Johannesburgo. Ali Mandela tinha um esconderijo, numa fazenda chamada Liliesleaf. Após sua captura,  foi julgado com outros nove réus. O julgamento, que passou à história com o nome de Julgamento de Rivonia, ocorreu entre 1963 e 1964. No dia 11 de junho de 1964, Mandela foi condenado à prisão perpétua. Foi enviado para a prisão na Ilha Roben, onde ocupou a cela de número 466/64. Na prisão, ficou sem contato com o mundo externo, pois eram proibidos jornais e outros tipos de informação. Lá permaneceu até sua soltura, em 11 de fevereiro de 1990.

4. Conquista do Nobel da Paz

Mandela e Klerk ganhando o Prêmio Nobel da Paz
Mandela foi solto logo após o fim do regime do Apartheid. Em 1993, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, dado a pessoas que contribuíram com a manutenção da paz no mundo. Mandela recebeu o prêmio, juntamente com Frederick Willem de Klerk – um compatriota sul-africano -, por seu trabalho no fim pacífico do regime do Apartheid e por estabelecer os princípios de uma nova África do Sul democrática. Em seu discurso, Mandela assinalou: “o valor deste prêmio que dividimos será e deve ser medido pela alegre paz que triunfamos, porque a humanidade comum que une negros e brancos em uma só raça humana teria dito a cada um de nós que devemos viver como as crianças do paraíso”.

5. Presidente da África do Sul

Mandela presidente da África do Sul
Nelson Mandela, nas eleições de 1994, vence com 62% dos votos e se torna o primeiro negro a serpresidente da África do Sul, após mais de 40 anos de regime segregacionista naquele país e após ter estado preso por mais de 27 anos. Mandela tornava-se o pai da pátria de sua nação, que passou por radicais mudanças em sua estrutura durante o seu mandato: novos símbolos nacionais foram criados, uma nova constituição foi aprovada, e todos – brancos, negros, indianos e mestiços passaram a gozar de igualdade de direitos. O seu governo teve alguns pontos criticados, como má distribuição de renda, corrupção crescente e intervenção militar no Lesoto. Mandela foi presidente até 16 de junho 1999, quando teve fim o seu mandato.

6. Copa do Mundo de Rugby

Entrega de troféu na Copa Rugby
Nelson Mandela ficou conhecido por sua política de conciliação, fato marcante em 1995, quando a África do Sul sediou a Copa do Mundo de Rugby. A seleção sul-africana, de atletas brancos conhecidos comospringboks, era odiada pelos negros. No entanto, recebeu o apoio de Mandela, que encorajou os negros a apoiarem-na também. A seleção acabou campeã, após uma vitória épica contra a poderosa seleção neozelandesa. Mandela fez pessoalmente a entrega do troféu ao capitão François Pienaar, vestindo a camisa do time. Este fato foi representado no filme Invictus, de 2009.

7. Dia Internacional de Mandela

Adeus, Nelson Mandela!
Dia Internacional Nelson Mandela é uma comemoração internacional instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro de 2009, a ser comemorado em 18 de julho, data de nascimento de Mandela. A ONU homenageia a dedicação de Mandela a serviço da humanidade, pela resolução de conflitos, pela relação entre as raças, promoção e proteção dos direitos humanos, a reconciliação, igualdade de gêneros e direitos das crianças e outros grupos vulneráveis, e ainda pelo desenvolvimento das comunidades pobres ou subdesenvolvidas. Com esta data, os países-membros da ONU reconhecem sua contribuição pela democracia internacional e a promoção da cultura de paz através do mundo.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Morre Nelson Mandela, ícone da luta pela igualdade racial


Presidente da África do Sul entre 1994 e 1999, ele tinha 95 anos.
Líder foi hospitalizado em dezembro para fazer exames de rotina.


Morreu Nelson Mandela, o político global

Morte de Nelson Mandela foi anunciada há momentos pelo presidente sul-africano Jacob Zuma.

Nelson Mandela (1918-2013)
Nelson Mandela (1918-2013)

Morreu Nelson Mandela. Homem de Estado, Presidente da África do Sul (1994-1999), o mais conhecido presidiário do mundo, defensor da liberdade e dos direitos dos desfavorecidos, paladino da igualdade de oportunidades e do fim de todas as formas de opressão, Nelson Mandela morreu hoje em casa em Joanesburgo. Tinha 95 anos de idade.

A nação sul-africana chora o nonagenário que se encontrava fragilizado pela persistência de uma infeção pulmonar. Mandela tinha passado por um internamento hospitalar rápido, em 10 de março, para revisão do estado da infeção, que o mantivera internado 18 dias em dezembro de 2012. Ainda que ninguém possa estranhar que o fim chegue em idade avançada, Madiba tornou-se no símbolo universal que ninguém vê partir sem desgosto.
A morte de Mandela foi anunciada esta noite pelo presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em conferência de imprensa.

Legado político


O seu legado político ficou claramente expresso na frase que dirigiu aos milhares de pessoas que se juntaram em Hyde Park, Londres, em Junho de 2008, para comemorar os seus 90 anos: "Onde quer que haja pobreza e doença, onde quer que os seres humanos estejam a ser oprimidos, há trabalho a fazer. Após 90 anos de vida, é tempo de novas mãos empreenderem a tarefa. Agora, está nas vossas mãos".

A vida de Nelson Mandela personifica a ideia de que uma pessoa tem o poder de fazer a diferença e de deixar a sua impressão digital única no mundo. Nasceu Rolihlahla Mandela em 18 de Julho de 1918, na pequena vila de Mvezo, na província do Transkei, na África do Sul rural. Mandela é filho da segunda de quatro mulheres de um conselheiro Xhosa que estava destinado a ser chefe, mas que acabou por perder o título e a fortuna, morrendo quando Rolihlahla tinha apenas nove anos. A mudança de estatuto forçou a mãe a mudar-se com a família para Qunu, uma aldeia ainda menor a norte de Mvezo, e, por sugestão de um amigo do seu falecido pai, Rolihlahla foi batizado pela Igreja Metodista, foi o primeiro da família a frequentar a escola onde o professor lhe anunciou que passaria a chamar-se Nelson.

Da aldeia ao ANC


Tinha sido adotado pelo chefe Jongintaba Dalindyebo, o regente do povo Thembu, mudou-se para a capital de Thembuland para a residência real do chefe onde ouviu pela primeira vez falar de como África tinha vivido em paz relativa até à chegada dos brancos. Em 1939, entrou para a única universidade que podia ser frequentada por negros na África do Sul, a University College de Fort Hare, o equivalente no país a Oxford ou Harvard e foi ali que foi eleito para o Conselho de Representação dos Estudantes onde os seus atos, considerados de insubordinação, lhe valeram ser suspenso até ao final daquele ano letivo.

Ao voltar a casa, Mandela viu-se confrontado com o facto de lhe ter sido escolhida uma mulher para casar e fugiu para Joanesburgo, onde trabalhou numa série de funções enquanto terminava o seu bacharelato por correspondência. Entrou na Universidade de Witwatersrand para estudar direito e envolveu-se ativamente no movimento anti-apartheid inscrevendo-se no ANC (Congresso Nacional Africano) em 1942. Sete anos mais tarde, o ANC adotou oficialmente os métodos de boicote, greve, desobediência civil e não-cooperação, tendo como objetivos a plena cidadania, a redistribuição da terra, direitos sindicais e educação gratuita e obrigatória para todas as crianças.

Militância e prisão


Durante 20 anos, Nelson Mandela liderou uma campanha pacífica e não violenta contra o Governo e as suas políticas racistas e fundou um escritório de advocacia com Oliver Tambo que dava aconselhamento a negros que não dispunham de representação. Mandela e mais 150 pessoas foram presas em 1956 acusadas de traição pela sua prática política embora tenham acabado por ser ilibados. Já menos convencido da eficácia dos métodos pacifistas que defendia, Mandela organizou uma greve nacional dos trabalhadores de três dias em 1961 pela qual foi preso no ano seguinte. Em 1963, foi levado a tribunal e condenado, com outras dez pessoas, a prisão perpétua por ofensas políticas, incluindo sabotagem.

Nelson Mandela foi detido em Robben Island 18 dos 27 anos de pena que cumpriu. Após 27 anos como o prisioneiro nº 46664 sob o regime de apartheid na África do Sul, Mandela emergiu como cabeça do ANC (Congresso Nacional Africano) para fazer a reconciliação com os seus opressores e conduzir o país pacificamente na sua transição após a era de 46 anos de segregação racial. Quando foi libertado, apelou de imediato às potências estrangeiras para que não reduzissem a sua pressão sobre o regime de Pretória com vista a uma reforma constitucional.

Legado


Mandela ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1993, quando era Presidente Frederik de Klerk e, em 1994, foi eleito o primeiro Presidente da África do Sul democrática. Cumpriu um único mandato, de 1994 a 1999, tendo sido sucedido pelo seu vice-presidente, Thabo Mbeki.

Mandela foi casado três vezes: com Evelyn Ntoko Mase (1944-1957) com quem teve quatro filhos; com Winnie Madikizela-Mandela (1958-1996) com quem teve duas filhas e com Graça Machel (1998).

O Dia Nelson Mandela foi instituído em 2009 para celebrar a sua vida e a chamada à ação que fez ao longo da sua vida. Celebra-se a 18 de Julho e, propositadamente, não é um feriado para que inspire todas as pessoas em todo o mundo a trabalharem pelos valores que Nelson Mandela defendeu ao longo de toda a sua vida
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

NÃO DEIXE DE LER

- Papai, brinca comigo?
- Hoje não da filho estou estudando para fazer uma prova.
No outro dia...
- Papai brinca comigo.
- Filho não me enche o saco, já falei que não posso!
Depois de um tempo aquele pai passou para a prova que desejava e tornou-se Policial Militar.
O tempo foi passando, e as coisas continuaram da mesma forma..
- Oi pai, tudo bom? me leva numa festa?
- Não filho, eu vou estar ocupado.
- Por favor pai.
- Não me enche o saco já falei que não tenho tempo!
E os anos foram rapidamente se passando, e aquele pai nem percebeu q seu filho crescia cada vez mais.
Aquele pai, agora um policial respeitado, em um dia, numa certa perseguição, no calor, na correria, ele atinge um dos assaltantes, encapuzado, de forma certeira.. Em cheio.
Então ele foi correndo até lá, quando viu que os comparsas do atingido tinham corrido. E ao chegar lá e tirar o capuz que o suspeito usava, teve uma surpresa. Ele viu que o assaltante era seu próprio filho.
E então olhando em seus olhos, seu filho disse:
- É pai, foi difícil mas consegui fazer você ter tempo pra mim. Pena que essa será a única vez. Suspirou... E se foi.
E só naquele momento aquele pai notou o quanto errou com seu filho, lembrou de cada momento que esteve ao lado de seu filho e nunca o disse te amo. E chorou..
Não permita que as coisas materiais ou sonhos, roubem o tempo das coisas mais importantes de sua vida, sua família! 
Ame, cuide, dê atenção, antes que elas vão embora.